Muito Estranho
(a)(não é do Dalto) (b)(trabalho em grupo, mas esta parte eu escrevi) (c)(salve, Mariana e Clarissa!)
No campo da estética, os formalistas russos apresentam o conceito de Estranhamento no bojo dos fenômenos implicados na experiência artística. Tal como ocorre com o Infamiliar, a compreensão e a própria enunciação do significado do termo parecem penosas. Explica-se mais facilmente por aquilo que não é do que por tentativas de lançar mão da sinonímia. É como se a compreensão do fenômeno fosse mais facilmente encontrada na antonímia, na antítese. A razão de ser dessa “dificuldade”, no entanto, não reside numa suposta raridade do fenômeno — antes, o constitui.
Analistas literários usualmente recorrem ao fenômeno do Estranhamento para análise de obras explicitamente portadoras do absurdo (realismo mágico; distopias etc.). De fato, é nessas obras que mais tranquilamente podemos identificar o estranho e seu desconforto proposital. O Estranhamento, porém, pode ser radicalizado e expandido como constituinte de toda Arte, mesmo nas produções mais prosaicas e realistas. Todo conteúdo ficcional é simbólico, e esse fato por si só coloca a expressão artística num lugar de Estranhamento: como pode algo que não existe (ficção) parecer-se tanto com a realidade? Tal como o catártico platônico, o efeito de Estranhamento pode somar-se ao conjunto dos efeitos necessários à experiência da Arte.